Diretrizes:
Cuidados Na Recuperação Pós-Anestésica
A Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA) ou outra área que tenha cuidado pós-anestésico equivalente deve estar disponível para receber pacientes após cirurgias, procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos. Todo paciente que recebe anestesia/ sedação deve receber cuidado pós-anestésico adequado e ser admitido na SRPA, exceto por ordem específica do anestesiologista ou outro médico responsável pelo cuidado e pela atenção ao paciente. Estas informações devem estar registradas em prontuário, sendo importante a avaliação do paciente baseada em critérios previamente estabelecidos.
Pacientes transportados da sala de cirurgia para a SRPA sempre devem ser acompanhados por médico anestesiologista ou o médico responsável pelo cuidado que tenha conhecimento sobre as condições do paciente. O paciente deverá ser avaliado continuamente durante o transporte, com suporte e monitorização apropriados à sua condição, e com pelo menos, oximetria de pulso, monitorando a frequência cardíaca e a saturação de oxigênio.
Após admissão na SRPA, o paciente deve ser reavaliado e as informações relevantes referentes à continuidade do seu cuidado devem ser transmitidas à equipe da unidade. Informações sobre as condições pré-operatórias e a evolução intraoperatória, cirúrgica e anestésica devem ser transmitidas pelo anestesista ou médico assistente verbalmente à enfermagem/ anestesista do setor (este último nos casos em que há este profissional alocado na SRPA) para continuidade do cuidado.
Deve ser realizada monitorização do paciente no período pós-anestésico sempre com oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva e monitorização cardíaca (ECG), ou conforme a condição clínica e a necessidade do paciente.
O paciente será avaliado quanto a sua evolução e alta da SRPA segundo os Critérios de Aldrete-Kroulik Modificado – Adulto e Índice pediátrico (pacientes pediátricos), sendo anotados seus dados vitais (pressão arterial, pulso, saturação, frequência respiratória, temperatura e escala de dor, quando pertinentes) no prontuário em formulário próprio. Em relação à frequência das avaliações dos sinais vitais, é recomendado que o registro em prontuário seja realizado a cada 15 minutos na primeira hora, caso se mantenha estável, a cada 30 minutos na segunda hora e após este período de hora em hora. Esta frequência varia de acordo com a condição clínica do paciente, podendo ser avaliado em intervalos menores do que o recomendado. A frequência e o tempo de monitoramento do período após procedimentos invasivos são definidos pelo médico executor do procedimento em conjunto com o médico anestesiologista (se pertinente).
Alguns critérios foram elaborados com o intuito de auxiliar a equipe da SRPA no acionamento do anestesista em caso de alguma complicação.
Geralmente, os hospitais em que atuamos utilizam os próprios critérios de acionamento de urgência das unidades para serem norteadores do acionamento do anestesista.
No Hospital Sírio Libanês, PCR ou sinais de rebaixamento de consciência são critérios para acionamento do TRR.
Comumente, os critérios são de acordo com alterações dos sistemas cardiovascular, respiratório, neurológico ou ainda sangramento, dor, náusea e vômito, preocupação da equipe assistencial.
Seguem abaixo os critérios atualmente adotados no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
E abaixo a rotina e critérios do Hospital Samaritano:
Aqui você encontra as escalas atualmente utilizadas para avaliação na SRPA em pacientes adultos e pediátricos.
Índice pediátrico: Critérios de Alta da Sala de Recuperação Pós-anestésica – pacientes pediátricos
Escala de Aldrette Kroulik modificada
O escore mínimo de referência para alta é de 9 pontos para pacientes adultos e 7 para pacientes pediátricos. O médico que realizou a sedação ou anestesia e o médico executor do procedimento cirúrgico/ invasivo (ou outro médico responsável substituto, nomeado por estes) devem estar disponíveis até a total recuperação do paciente e alta.
Para a realização da alta no Centro cirúrgico no Hospital Sírio Libanês, exclusivamente, o médico anestesiologista deverá entrar em contato com o médico hospitalista, caso o paciente preencha os critérios de acionamento pré-estabelecidos, com a finalidade de uma maior vigilância no pós-operatório.
Critérios de Alta da Sala de Recuperação Pós-anestésica – acionamento dos hospitalistas*
- Paciente encaminhado à unidade semi-intensiva
- Paciente com risco de dellirium
- Acionamento de TRR na RPA
- Paciente com dificuldade no desmame de oxigenoterapia
- Paciente com instabilidade hemodinâmica na RPA (uso de vasopressor/ reposição volêmica >1000ml em 2 horas)
- Paciente com hipertensão de difícil controle
- Paciente com dor de difícil controle (>2 horas, exceto aqueles em uso de PCA ou que serão acompanhados pelo Grupo da dor)
- Paciente com algum critério de urgência/ emergência das unidades
* Existem hospitais que não contam com equipe de hospitalistas, nestes casos devemos considerar a individualização do cuidado com a realização de tempo de RPA mais prolongado ou mesmo encaminhamento a unidade de terapia intensiva.
É importante lembrar que é proibida a alta programada, ou seja, a prescrição de alta prévia para um horário pré-determinado, sem a devida avaliação do médico responsável no momento da alta.
Os pacientes submetidos a procedimentos invasivos no Centro Diagnóstico somente serão liberados da SRPA mediante avaliação e alta do médico da equipe responsável pela realização do procedimento. Ao serviço de Anestesiologia cabe, quando pertinentes, a avaliação e alta anestésicas.
No caso de recém-nascidos, é avaliado se são prematuros ou ex-prematuros que não tenham entre 52 a 60 semanas pós-concepção. Quando submetidos à anestesia, estes apresentam um elevado risco (cerca de 30%) de desenvolver apneia no período de recuperação pós-anestésica, sendo que se apresentarem história de apneia no domicílio ou anemia, a investigação deverá ser mais específica e os cuidados e o tempo de recuperação pós-anestésica devem ser mais prolongados.
Quando realizada a alta hospitalar (paciente externo/ ambulatorial), serão utilizados também os Critérios de Alta Ambulatorial normatizados pela Resolução do CFM 1886/ 2008.
– Critérios de alta ambulatorial (Resolução do CFM 1886/2008)
- Orientação no tempo e no espaço;
- Estabilidade dos sinais vitais, há pelo menos 60 (sessenta) minutos;
- Ausência de náuseas e vômitos;
- Ausência de dificuldade respiratória;
- Capacidade de ingerir líquidos;
- Capacidade de locomoção como antes, se o procedimento permitir;
- Sangramento mínimo ou ausente;
- Ausência de dor de grande intensidade;
- Ausência de sinais de retenção urinária;
- Dar conhecimento ao paciente e ao acompanhante, verbalmente e por escrito, das instruções relativas aos cuidados pós-anestésicos, bem como a determinação da Unidade para atendimento das eventuais ocorrências.
Todos os pacientes que não recebem a alta diretamente para o quarto ou não são encaminhados para a Unidade de Terapia Intensiva ou Unidades Críticas, devem ser encaminhados para a Sala de Recuperação Pós-Anestésica. No caso do paciente que recebe alta diretamente para o quarto pelo anestesiologista ou médico responsável, este deve ser avaliado e atingir o escore de alta segundo os critérios de Aldrete-Kroulik e ter estes dados anotados no prontuário pela enfermagem, constando a assinatura do médico responsável pela alta.
Todas as informações referentes ao cuidado do paciente e monitoramento devem ser registradas no prontuário.
Pacientes no pós-operatório de cirurgias de grande porte (neurocirurgias, cabeça e pescoço complexa, ortopédicas com implantes, cirurgias cardíacas, transplantes de órgãos sólidos, torácicas, peritoneais complexas), cirurgias em pacientes com comorbidades importantes ( ASA ≥ 3 ), pacientes com alto risco para complicações no intra ou pós-operatório (alto risco pré-operatório, conforme critérios pré-estabelecidos), cirurgias de urgência, cirurgia em mais de um órgão ou sistema, pacientes com sangramento de vulto no intra-operatório, necessidade de monitorização de perdas sanguíneas ou hídricas, necessidade de suporte ventilatório e/ou monitorização dos sinais vitais, nível de consciência, hemodinâmica e respiratório, devem ser encaminhados, preferencialmente, à UTI ou Unidades Críticas, ou ter uma recuperação pós anestésica mais prolongada com cuidados individualizados. Importante que nestes casos tudo deve estar documentado em prontuário, inclusive as condições do paciente que justifiquem não encaminhá-lo a uma unidade crítica.
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