Diretrizes:

Anestesia para procedimentos endoscópicos

A avaliação pré anestésica de pacientes que serão submetidos a procedimentos endoscópicos é essencial para conhecer o paciente e conseguir planejar com segurança a abordagem anestésica. Grande parte dos procedimentos é realizado sob sedação, no entanto em algumas situações clínicas a sedação pode ser arriscada e até mesmo contra indicada, mas para esta tomada de decisão é essencial conhecermos as comorbidades de cada paciente e ainda identificar as medicações que o paciente faz uso para conseguirmostraçar um bom planejamento anestésico. Neste momento da avaliação também será aplicado o TCLE esclarecendo sobre a técnica anestésica que será utilizada. 

A administração de agentes farmacológicos como bloqueadores de receptores H2 (ranitidina, cimetidina) em dose única idealmente 60 minutos antes da indução da anestesia e de  inibidores da bomba de prótons em ao menos duas doses sequenciais (omeprazol, lansoprazol) pode reduzir o volume e a acidez gástrica, diminuindo o risco de aspiração. Esses agentes são eficazes em reduzir o volume gástrico e aumentar o pH gástrico.

Considere realizar medidas para redução dos riscos para broncoaspiração, tais como: 

  • procinéticos tais como metoclopramida ou bromoprida (atenção pelo risco de liberação extrapiramidal)
  • bloqueadores de receptores H2 (ex.: ranitidina) em dose única no mínimo 60 minutos antes da indução
  • considerar possível uso do proclive no manuseio da via aérea 

Aqui vamos destacar alguns dos principais procedimentos endoscópicos que são realizados e os principais pontos de atenção que podem impactar no nosso planejamento anestésico: 

 

  • endoscopia digestiva alta: procedimento mais frequente, deve-se atentar aos casos de refluxo gastro esofágico e aos casos de pacientes com balão gástrico ou ainda obesos em controle pré e pós bariátrica (pacientes de alto risco de dessaturação)
  • endoscopia digestiva baixa: atenção ao preparo de colon que muitas vezes pode resultar em espoliação de fluidos e hipovolemia. Vale destacar que nestes casos muitas vezes a reposição volêmica realizada durante o procedimento que é rápido pode ainda ser insuficiente e deve-se atentar ao estado volêmico do paciente antes da alta da RPA.
  • Mucosectomia: geralmente são procedimentos mais prolongados que devem ser conduzidos sob anestesia geral
  • CPRE: atentar aos casos que podem estar com colangite aguda e sinais de sepse
  • EBUS: necessita anestesia geral e um tubo traqueal de grosso calibre ou preferencialmente uma máscara laríngea devido o calibre do aparelho
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  • Equipamentos: Checar todos os equipamentos de ventilação e monitoramento antes do início do procedimento (oxímetro de pulso, capnografia, cardioscópio, aparelho de anestesia, aspirador).
  • Monitoração Contínua: Oxigenação (SpO2), cardioscopia, pressão arterial não invasiva, capnografia (recomendado).
  • Acesso Venoso: Estabelecer acesso venoso periférico de calibre adequado (20G ou maior). Deve-se tentar evitar a punção no dorso da mão e na fossa antecubital sempre que possível. 
  • Oxigênio suplementar: sempre utilizar fonte de oxigênio suplementar. Nos casos de dificuldade prevista de abordagem da via aérea ou de alto risco para queda da saturação considerar o uso de cateter de alto fluxo nasal.

Obs.: todas as unidades onde atuamos possuem condições adequadas para a realização de anestesia geral no setor da endoscopia. 

Caso tenha dúvidas sobre a segurança da realização do exame no setor da endoscopia, discuta o caso com o coordenador do dia para um alinhamento e tomada de decisão.

Medicamentos anestésicos

  • Sempre priorizar agentes de curta duração
  • Evitar o uso de benzodiazepínicos
  • Para as casos de sedação sempre utilizar doses tituladas para avliar resposta individual de cada paciente
  • Opioides devem ser utilizados apenas para procedimentos que tenham estímulo álgico

Complicações mais frequentes

  • hipoxemia: geralmente causada por uma apneia transitória e na maior parte das vezes se resolve em poucos segundos e a oxigenação apneustica ajuda na prevenção 
  • hipotensão: muitos pacientes podem chegar extremamente desidratados e ter episódios de hipotensão associado à sedação. Nestes casos considerar o uso de vasopressor em bolus (efedrina ou metaraminol) e avaliar a volemia e considerar reposição adequada.
  • O paciente deve ser mantido em observação até a completa recuperação da consciência e das funções motoras.
  • Para alta o paciente deve estar como bom controle álgico, boa ventilação e estabilidade hemmodinâmica.
  • Monitoramento da oximetria e dos sinais vitais até o retorno aos níveis pré-procedimento.
  • Orientação sobre o retorno gradual à dieta e atividades normais, além de restrição de atividades que exijam atenção (como dirigir) por 24 horas.
  • Garantir que o paciente esteja acompanhado e orientar buscar serviço de emergência nos casos de complicações não previstas após a alta hospitalar.

Statement on nonoperating room anesthetizing locations. Committee of Origin: Standards and Practice Parameters (Approved by the ASA House of Delegates on October 19, 1994 and amended on October 16, 2013).

Standards for basic anesthetic monitoring. Committee of Origin: Standards and Practice Parameters (Approved by the ASA House of Delegates on October 21, 1986, and last amended on October 20, 2010 and last affirmed on October 28, 2015).

Statement on security of medications in the operating room. (Approved by the ASA Executive Committee in October 2003, and last amended by the ASA House of Delegates on October 16, 2013).

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