Diretrizes:
Avaliação Pré-Anestésica

  • Objetivos da Avaliação Pré-Anestésica (APA):

    1. Familiarizar o anestesiologista com o procedimento cirúrgico e doenças preexistentes do paciente.
    2. Estabelecer boa relação médico-paciente.
    3. Desenvolver plano de cuidados perioperatórios.
    4. Explicar alternativas anestésicas, riscos e benefícios.
    5. Obter consentimento informado por meio do Termo.
    6. Identificar e corrigir alterações clínicas para reduzir morbimortalidade e ansiedade do paciente.
  • Indicação da APA:

    • Todos os pacientes que recebem anestesia, sedação ou cuidado clínico devem realizar APA, exceto em emergências com risco de vida.
    • Em emergências, a APA pode ser breve, realizada antes da indução anestésica, com documentação no prontuário.
    • O Termo de Consentimento não é obrigatório em emergências.
  • Locais e períodos para realização da APA:

    • Realizada ambulatorialmente (até 30 dias antes) ou durante a internação (até 48 horas antes do procedimento).
    • Deve ocorrer em ambiente que garanta privacidade e confidencialidade.

                  Cada procedimento anestésico exige uma avaliação e a aplicação de um termo de consentimento distinto.

IMPORTANTE: o paciente deverá ser orientado que a anestesia/sedação pode ser realizada por outro médico da equipe.

ATENÇAO: A avaliação pré-sedação, quando realizada pelo médico não anestesiologista, é feita perante questionário previamente preenchido pelo paciente, que abrange história clínica, tempo de jejum, alergias, hábitos, antecedentes, medicação em uso recente e a análise de exames pré-operatórios (quando pertinente), sendo validados estes dados pelo médico anestesista que realizará o procedimento, em documento específico do Centro Diagnóstico. Esta análise norteará o planejamento dos cuidados durante a sedação, sendo importante verificar também a complexidade do procedimento a ser realizado. É importante destacar que a sedação também necessita da aplicação do termo de consentimento.

 

 

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  • Exame físico e sinais vitais:
    • Registro dos sinais vitais aferidos pela enfermagem (pressão arterial, pulso, frequência respiratória, escore de dor e temperatura), incluindo glicemia capilar quando disponível.
    • Destacar as alterações de exame físico como limitações de movimento, condição dentária, acesso venoso difícil ou outra que seja de relevância para a condução da anestesia, principalmente voltada ao sistema cardiopulmonar.
  • Histórico de alergias:

    • Investigar histórico de alergias e reações a medicamentos.
    • Considerar reações graves (cutâneas, respiratórias, cardiovasculares) como alergias verdadeiras.
    • Avaliação e exame físico da via aérea
    • Exame físico do paciente, incluindo a descrição da dentição e provável acesso venoso difícil.
    • Atentar para:
      • Antibióticos, relaxantes musculares, frutos do mar (reação cruzada com contrastes/Protamina).
      • Considerar e destacar a “alergia” a sevoflurano e succinilcolina, assim como a história de óbito de qualquer familiar durante uma anestesia (risco de hipertermia maligna).
      • Alergia a ovo (risco com propofol) e frutas tropicais (correlação com alergia ao látex).
  • Histórico anestésico:

    • Investigar eventos prévios: via aérea difícil, reações a drogas, náuseas, vômitos, rouquidão, dificuldades respiratórias/cardiovasculares ou para despertar.
  • Uso de substâncias e condições dentárias:

    • Questionar sobre uso de álcool, drogas ilícitas e fumo (incluindo cannabis).
    • Identificar próteses dentárias, condições de dentição e risco de quedas dentárias.
  • História dirigida aos sistemas:

    • Doenças crônicas de alto risco: pulmonar, cardíaca isquêmica, hipertensão arterial, refluxo gastroesofágico.
    • A história deverá ser aprofundada de acordo com cada paciente e as alterações presentes. 
  • Relação paciente-anestesista:

    • APA deve ser calma e organizada para reduzir receios do paciente.
    • Oferecer informações sobre:
      • Importância do jejum.
      • Duração do procedimento
      • Monitorização, líquidos venosos, e cateteres (arteriais ou peridurais).
      • Uso de medicações habituais e sedativos pré-anestésicos.
      • Planejamento de analgesia pós-operatória.
      • Recuperação em unidade de cuidados pós-anestésicos ou intensivos.
  • Riscos relacionados à anestesia:

    • Esclarecer riscos como broncoaspiração, delirium, via aérea difícil e condições dentárias.
    • Descrever a classificação do estado físico da ASA.
    • Prrencher o escore de risco pré operatório que irá orientar as condutas anestésicas. 
  • Dúvidas do paciente:

    • Questionar ativamente sobre dúvidas relacionadas às informações fornecidas.
  • Monitoramento de qualidade:

    • Indicadores de qualidade e segurança da APA são monitorados mensalmente para auditoria e avaliação de desempenho.
  • Termo de Consentimento:

    • Deve ser assinado antes da administração de medicação pré-anestésica ou início do procedimento.
    • Deve ser assinado pelo paciente ou responsável (em casos de crianças ou pacientes incapacitados).
    • Informações sobre a anestesia planejada, riscos, benefícios, alternativas e complicações devem ser transmitidas.
    • Todos os riscos  devem estar descritos aqui, destacando-se que em casos específicos que apresentem situações distintas, poderão ser adicionados riscos específicos para registro. Por exemplo pacientes testemunha de Jeová que não aceitem transfusão deverão ter esse registro adequado na avaliação pré anestésica, além de seguir todas as demais rotinas recomendadas pela instituição, como por exemplo assinatura do termo de recusa de transfusão.

Basic Standards for Preanesthesia Care. Committee of Origin: Standards and Practice Parameters (Approved by the ASA House of Delegates on October 14, 1987, and last affirmed on October 28, 2015)

AHA/ACC/ACS/ASNC/HRS/SCA/SCCT/SCMR/SVM Guideline for Perioperative Cardiovascular Management for Noncardiac Surgery: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Joint Committee on Clinical Practice Guidelines. J Am Coll Cardiol. 2024 Nov 5;84(19):1869-1969.

 Barash PG; Cullen BF; Stoelting RK. Clinical Anesthesia. 8.ed. Philadelphia: Wolters Kluwer, 2017.1789p.

 Miller, RD. Anesthesia. 8.ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2015. 2.v.

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