Diretrizes:
Diagnóstico diferencial e manejo do laringoespasmo

em construção

Laringoespasmo é a contração reflexa dos músculos da laringe, levando ao fechamento das cordas vocais, que leva à obstrução parcial ou total da via aérea, com risco de hipoxemia, bradicardia e parada cardíaca.

 

Como reconhecer?

  • Início súbito, geralmente durante indução ou extubação.

  • Sinais clínicos:

    • Estridor inspiratório ou apneia

    • Retração paradoxal de tórax e abdome

    • Ausência de entrada de ar / dificuldade para ventilação manual

    • Dessaturação progressiva

    • Bradicardia reflexa (estímulo vagal)

    • Cianose

DiagnósticoCaracterísticas diferenciais
Obstrução por corpo estranhoHistória de aspiração, sibilância unilateral
BroncoespasmoSibilos difusos, dificuldade expiratória, roncos
Edema de gloteInício mais progressivo, estridor contínuo
Obstrução por secreçõesMelhora com aspiração, ausculta de ruídos úmidos
Hipoventilação / ApneiaSem esforço respiratório, melhora com ventilação
Obstrução por mordedura da via aérea e oclusão do tubo traquealNa intubação orotraqueal, não há vazamento de ar, dificuldade de ventilação, melhora com abertura manual da boca

 Medidas iniciais

  • Remover estímulo (aspiração, manipulação cirúrgica, tubo)

  • Chamar ajuda imediata

  • Aumentar FiO₂ para 100%

  • Posicionar cabeça em extensão + tração da mandíbula (manobra de Sellick não recomendada)

  • Aplicar pressão positiva com bolsa-válvula-máscara + PEEP (10–20 cmH₂O)

  • Sucção de secreções na orofaringe

  • Manobra de Larson:

    consiste em localizar o ponto atrás do lóbulo da orelha, entre o ramo da mandíbula e o processo mastoide, e realizar pressão firme, se possível deslocando a mandíbula anteriormente.

     

 

Se tiver a persistência dos sinais

  • Administrar propofol (0,5–1 mg/kg) se o paciente estiver acordando

  • Se refratário: succinilcolina IV 0,5-1 mg/kg ou IM 4 mg/kg

  • Ventilar com pressão positiva após relaxamento

Complicações ou falha do manejo

  • Intubação orotraqueal imediata se saturação < 85% persistente

  • RCP se parada cardiorrespiratória

  • Reverter bradicardia com atropina (0,01–0,02 mg/kg IV)

1. Farmacológicas

  • Lidocaína intravenosa (1–1,5 mg/kg) 2 a 3 minutos antes da extubação para reduzir os reflexos das vias aéreas.

  • Lidocaína tópica na orofaringe, especialmente em procedimentos com manipulação faríngea.

  • Evitar agentes irritantes em pacientes suscetíveis (ex.: desflurano).

2. Técnica anestésica

  • Preferir anestesia intravenosa (TIVA) a anestesia inalatória, quando possível, especialmente em pacientes de risco e com hiperreatividade das vias aéreas.

  • Remover a máscara laríngea ou extubar em plano profundo de anestesia (antes do retorno dos reflexos de vias aéreas), particularmente com agentes inalatórios.

  • Evitar extubação em plano superficial, onde o risco de reflexo é maior.

3. Condições clínicas do paciente

  • Adiar procedimentos eletivos em pacientes com infecção respiratória ativa de vias aéreas superiores.

  • Tratar refluxo laringofaríngeo previamente com inibidores da bomba de prótons, quando identificado.

  • Identificar causas neurológicas raras que podem ser relacionadas, como paralisia unilateral de cordas vocais, e considerar manejo especializado. Atenção para cirurgias cervicais que podem manipular o nervo laringeo recorrente.

4. Cuidados com a via aérea

  • Aspiração cuidadosa das secreções antes da extubação para evitar estímulo laríngeo.

  • Evitar manipulação repetida ou traumática da via aérea (intubação difícil, uso inadequado de cânulas ou dispositivos supraglóticos, traumas na aspiração ou passagem de sonda gástrica).

  • Lubrificar adequadamente dispositivos de via aérea antes da introdução com gel a base de água (não irritante).

5. Equipe e ambiente

  • Garantir que a equipe esteja treinada para identificar precocemente sinais de laringoespasmo.

  • Ter succinilcolina, propofol e material de ventilação e intubação prontos sempre que houver risco elevado.

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