Definindo abuso de substâncias: conceitos importantes Copy

Podemos definir abuso como o consumo excessivo de uma substância como o álcool por exemplo ou uma droga, geralmente autoadministrada, que acaba resultando em alterações do humor, pensamentos e sentimentos.

Outras definições podem ser:

substâncias ingeridas sem a orientação ou prescrição médica e não para o tratamento de uma doença ou qualquer problema de saúde;
consumo de substâncias já associado a algum tipo de prejuízo (biológico, psicológico ou social);

Pode-se classificar o uso de drogas de acordo com o padrão e freqüência:

Experimental	Uso inicial, geralmente esporádico de uma determinada substância
Recreativo	Uso de determinada substância em situações sociais específicas ou para diversão e relaxamento, ainda sem consequências negativas
Uso frequente	Uso regular, não compulsivo e ainda sem prejuízos significativos para o indivíduo
Uso nocivo	Já existe um padrão de uso de substâncias psicoativas que causa algum dano à saúde, podendo ser danos de natureza física e/ou psicológica
Dependência	Para definir dependência já deve existir uma relação disfuncional do indivíduo e seu modo de consumir uma determinada substância psicoativa, de maneira crônica e com danos que mais uma vez podem ser de natureza física e/ou psicológica.

Adaptado do Curso de Capacitação em dependência química UFMA – UnaSUS

A Classificação Internacional das Doenças (CID -10) traz a definição de uso nocivo de substâncias. Para que possa preencher os critérios adequados do uso nocivo no CID-10 deve haver um dano real a saúde física ou mental . O grupo do CID-10 entre F10 e F19 engloba os transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substâncias psicoativas e faz parte do Capítulo V.

Uso nocivo

Entendo o conceito do uso de drogas, existem duas dimensões distintas: de um lado, a psicopatologia do consumo (a dependência propriamente dita) e o outro é o enfoque sobre todos os problemas que decorrem do uso ou da dependência.

Observe a figura abaixo:

Uso x problemas relacionados ao abuso de substâncias
(adaptado de: https://www.sistemacts.com.br/dependencia-quimica-classificacao-cid10/)

Quadrante Um: Indivíduos que, conforme aumentam o uso, aumentam as chances de desenvolverem problemas.
Quadrante Dois: Condição em que o indivíduo, embora não seja dependente, pode apresentar problemas decorrentes do uso
Quadrante Três: Indivíduos que fazem uso de substâncias com baixa frequência sem apresentar problemas ou dependência. Seu uso é considerado “de baixo risco”.
Quadrante Quatro: Nesse quadrante estão caracterizados casos de pessoas que têm uso frequênte / dependência e não possuem problemas decorrentes deste uso. ISSO SIMPLESMENTE NÃO É POSSÍVEL!

Dependência química

A Organização Mundial de Saúde define critérios de dependência que devem incluir três ou mais dos critérios abaixo no ano anterior ao momento da avaliação:

Desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância.
Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou níveis de consumo.
Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: síndrome de abstinência característica para a substância, ou o uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência.
Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas
Abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso da substância psicoativa: aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou recuperar-se de seus efeitos
Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de conseqüências manifestamente nocivas, tais como dano ao fígado por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos consequentes a períodos de consumo excessivo