Ao entender o mecanismo de ação dos agentes análogos do GLP1 e considerar o risco de broncoaspiração pelo maior risco de estase de conteúdo gástrico, a pergunta que nos fazemos é: será então que devemos suspender o uso destas medicações antes de um procedimento anestésico-cirúrgico? Vamos revisar a literatura para entender o posicionamento atual?
Temos embasamento na literatura para suspender o uso dos análogos dos GLP1 pré procedimento anestésico-cirúrgico?
Referência bibliográfica | Recomendações da referência bibliográfica |
Curr Diab Rep. 2019, 26;19(4):14. | Não especificam conduta para os análogos GLP1 Preconizam um programa de controle perioperatoria da glicemia |
Anaesth Crit Care Pain Med. 2018 ;37 Suppl 1:S9-S19. | Não especificam conduta para os análogos GLP1 Preconizam uso de USG para avaliação gástrica e se dúvida: sequência rápida |
Curr Opin Anaesthesiol. 2019;32(3):398-404. | Inibidores DPP4 podem ser mantidos ou suspensos Análogos do GLP1 podem ser mantidos ou suspensos. O risco de gastroparesia justifica a suspensão pré operatória. Não fala de tempo de suspensão pré operatório. |
Curr Diab Rep. 2019, 20;19(11):134 | Se risco de regurgitação, análogos do GLP1 podem ser suspensos, não citando quanto tempo antes |
Anesthesiology 2020; 133:430–438 | Manter inibidores DPP4, manter glicosúricos ou suspender no dia, se cirurgia grande porte |
Anesthesiology. 2021, 1;134(2):349-350. | Glicosúricos: traz a recomendação do FDA de suspensão 3-4 dias antes da cirurgia |
Anaesthesist. 2021;70(6):451-465. | Evitar análogos do GLP1 48h antes da cirurgia/anestesia |
Arq Gastroenterol. 2021;58(2):180-4. | Liraglutida se suspensa 7 dias antes não mostrou alteração no esvaziamento gástrico |
Como podemos observar a literatura não traz ainda um consenso sobre como manejar estas medicações no perioperatório, no entanto a maior parte dos autores tende a manter o uso dos análogos do GLP1 no período perioperatório, considerando que até o momento não há a documentação do maior risco de broncoaspiração nos pacientes que fazem uso destes medicamentos.
Outro ponto importante descrito por Meier JJ (Diabetes Care 2015; 38: 1263e73) é que após 8 semanas do uso da liraglutida o esvaziamento gástrico retorna as condições de base, contrastando com outros análogos do GLP1 que parecem manter o efeito de retardo do esvaziamento.
Portanto, observamos que ainda conhecemos muito pouco sobre os efeitos destas medicações na anestesia. Até o momento, baseado nestas informações podemos afirmar que: