DSM V e CID 11
Ao longo dos anos as doenças foram classificadas através de consensos e critérios diagnósticos, a fim de facilitar o diagnóstico e na tentativa de uniformizar os termos na literatura mundial. Para doenças neuropsiquiátricas, isso não foi diferente. Para esse tipo de doenças, temos dois principais sistemas de classificação, que são o DSM V e o CID 11(6)
Enquanto o CID 11 é a classificação geral mais utilizada no mundo(7), quando falamos de doenças neuropsiquiátricas como é o caso de delirium e DCPO, o DSM V, uma classificação voltada apenas para esse tipo de doenças, é o mais aceito por especialistas na área. (6)
Infelizmente quando falamos de delirium, um termo bastante abrangente, não encontramos uma classificação unificada nesses dois sistemas de classificação, portanto é importante conhecer ambos.
Em 1980, com a publicação do DSM-III, surgiu a tentativa de classificação do delirium, com seus critérios sendo atualizados ao longo dos anos, em uma tentativa de simplificar o seu diagnóstico, até chegarmos ao DSM-V, critério vigente, que foi publicado em 2013. (8)
Segundo o DSM-V, os critérios diagnósticos para delirium incluem:
1. distúrbio na atenção e na vigília
2. mudança na cognição, não explicado por patologia prévia ou demência
3. início subagudo (horas a dias) com tendência a flutuar durante o dia
4. evidência, a partir da história clínica, do exame físico ou dos achados laboratoriais indicando que as alterações são causadas por uma condição médica geral. (8)
Ainda sobre o DSM-V, ele faz distinção entre os tipos de delirium, que pode ser hipoativo, hiperativo, ou misto. Distinção que se mostra importante na prática clínica. (6)
Muitas são as causas citadas como predisponentes ou desencadeantes do delirium, entre elas condições cirúrgicas e anestésicas, sendo importante ao anestesista estar atento a essa condição.
Já a classificação do CID foi recentemente atualizada, tendo sido publicada em 2019, mas passou a ser válida apenas no início de 2022. (7) Sua classificação mantém o mesmo grupo de sintomas classificado no DSM-V, porém não faz distinção entre os diferentes tipos de delirium presentes na prática clínica, sendo uma classificação mais simplificada. (6,7)
Embora condições como internação em unidades críticas (como UTIs) ou pacientes serem submetidos a procedimentos cirúrgicos e anestésicos sejam citados como fatores desencadeantes ou predisponentes em ambas as classificações, o delirium continua sendo classificado como uma condição única, sem distinção entre os diferentes cenários em que pode surgir, mesmo em cenários tão comuns como UTI ou centro cirúrgico.
Nesse ponto o ISPOCD1 vem para tentar ajudar a classificar e compreender melhor o delirium e DCPO no centro cirúrgico.(4)
DSM V | CID 11 | ISPOCD1 |
Mais utilizada de maneira geral para doenças neuropsiquiátricas | Classificação de doenças mais conhecida no mundo | Classificação específica das desordens neurocognitivas no pós operatório |
Diferencia entre delirium hipo ou hiperativo ou ainda misto – diferenças de apresentação clínica, mas não classifica separadamente delirium pós operatório e DCPO | Não leva em conta as diferenças de apresentação clínica, nem separa delirium pós operatório e DCPO | Não cita especificamente as diferenças de apresentação clínica, mas classifica separadamente delirium e DCPO. |
2013 | 2022 | Década de 90 |
Visando a unificar os termos utilizados nas pesquisas sobre alterações cognitivas na população geral e déficits cognitivos detectados
após procedimentos cirúrgicos, uma nova nomenclatura foi proposta e já vem sendo utilizada nas publicações mais recentes. Confira na figura abaixo: