Diretrizes:
Medicamentos no período pré operatório
A suspensão de medicamentos no pré-operatório é uma decisão que exige análise criteriosa e individualizada, baseada nas condições clínicas do paciente, na finalidade do uso de cada fármaco e nas características do procedimento cirúrgico ao qual ele será submetido.
Muitos medicamentos podem apresentar riscos se mantidos ou se suspensos de forma inadequada, como aumento do sangramento, descompensação de doenças crônicas ou interação com os agentes anestésicos.
Além disso, um mesmo medicamento pode ser utilizado para diferentes finalidades – por exemplo, o propranolol pode ser prescrito para hipertensão, controle de arritmias ou tremores essenciais – e sua manutenção ou interrupção dependerá diretamente do contexto clínico.
Por esse motivo, não basta fornecer uma lista de medicações para que se determine genericamente o que deve ou não ser suspenso. É fundamental que cada caso seja avaliado pela equipe da anestesiologia no período pré-anestésico, momento em que é possível esclarecer dúvidas, ajustar condutas e planejar o cuidado perioperatório de forma segura, personalizada e com foco na prevenção de eventos adversos. Esse processo, além de aumentar a segurança do paciente, contribui para uma melhor recuperação e otimização dos recursos assistenciais.
Fármaco | Quando suspender? | |
Betabloqueadores | ✅ | Até o dia da cirurgia – não deve ser suspenso |
Bloqueadores dos canais de cálcio | ✅ | Até o dia da cirurgia – não deve ser suspenso |
Diuréticos | 🛑 | No dia da cirurgia |
Inibidores da ECA | 🛑 | No dia da cirurgia |
Inibidores SGLT-2 (ex: dapagliflozina) | 🛑 | Pelo menos 3 dias antes |
Análogos de GLP-1 (ex: liraglutida, semaglutida) | 🛑 | De 1 dia a até 21 dias antes (dependendo da meia-vida) |
Estatinas | ✅ | Até o dia da cirurgia – não deve ser suspenso |
Inibidores da bomba de prótons | ✅ | Até o dia da cirurgia – não deve ser suspenso |
Ácido acetilsalicílico (AAS) | ⚠️ | Suspender 7 dias antes em neurocirurgias ou oftalmológicas; manter em outros casos de acordo com o cirurgião |
P2Y12 inibidores (clopidogrel, ticagrelor, prasugrel) | 🛑 | Ticagrelor 5 dias Clopidogrel 5-7 dias Prasugrel 7-10 dias |
Anticoagulantes orais diretos (NOACs) | 🛑 | ≥24-48h antes (pode precisar 5 meias-vidas se alto risco) |
Varfarina (VKA) | 🛑 | 3–5 dias antes |
Alfabloqueadores (ex: clonidina) | ✅ | Até o dia da cirurgia- não deve ser suspenso |
Mineralocorticoides (ex: espironolactona) | ✅ | Até o dia da cirurgia- não deve ser suspenso |
✅ manter 🛑 suspender ⚠️ depende da cirurgia
A suspensão pré-operatória dos agonistas do GLP-1 (como semaglutida, liraglutida e outros) tem sido recomendada diante de preocupações anestésicas relevantes, especialmente o risco aumentado de broncoaspiração. Esses fármacos retardam o esvaziamento gástrico, o que pode levar à persistência de conteúdo gástrico mesmo após o jejum prescrito, aumentando o risco de aspiração pulmonar durante a indução anestésica.
Como é o mecanismo de ação e os efeitos colaterais dos análogos do GLP-1?
A literatura recente e posicionamentos de sociedades anestesiológicas sugerem a suspensão da medicação por diferentes períodos antes de uma cirurgia eletiva, principalmente em procedimentos que envolvem anestesia geral ou sedação profunda. Essa conduta ainda não é consenso entre as diferentes sociedades de anestesia e endocrinologia e novas medicações e resultados de estudo estão saindo a cada momento, portanto a conduta neste momento deve ser individualizada, considerando o risco de descontrole glicêmico do paciente e o tipo de procedimento a ser realizado, sendo essencial o diálogo entre anestesiologistas, cirurgiões e endocrinologistas para garantir a segurança perioperatória.
Independente do tempo de suspensão, devemos sempre avaliar:
- sensação de plenitude, náuseas e vômitos
- considerar o uso do USG gástrico
- sempre considerar a possibilidade de ter conduta considerando estômago cheio
Atualmente cada hospital tem um posicionamento diferente sobre os periodos de suspensão dos diferentes agentes e esta orientação ainda pode ser modificada, mas segue abaixo as recomendações conforme os hospitais:
✅ manter 🛑 suspender ⚠️ depende da cirurgia |
Hospital Sírio Libanês
Fármaco | Período de suspensão |
Semaglutida (ex.: Rybelsus®, Ozempic®, Wegovy®) | 🛑 10 dias |
Tirzepatida (ex.: Mounjaro®) | 🛑 10 dias |
Dulaglutida (ex.: Trulicity®) | 🛑 10 dias |
Liraglutida (ex.: Saxenda®, Victoza®) | 🛑 3 dias |
Liraglutida + insulina (Xulthopy®) | ⚠️ consultar endócrinologista ou clínico |
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital Samaritano e HCor
Fármaco | Período de suspensão |
Semaglutida (ex.: Rybelsus®, Ozempic®, Wegovy®) | 🛑 21 dias |
Tirzepatida (ex.: Mounjaro®) | 🛑 15 dias |
Dulaglutida (ex.: Trulicity®) | 🛑 15 dias |
Liraglutida (ex.: Saxenda®, Victoza®) | 🛑 3 dias |
Liraglutida + insulina (Xulthopy®) | ⚠️ consultar endócrinologista ou clínico |
O manejo de anticoagulantes e antiagregantes plaquetários no pré-operatório deve ser cuidadosamente individualizado, pois as orientações quanto à suspensão desses medicamentos variam significativamente de acordo com a técnica anestésica planejada e com o tipo de cirurgia a ser realizada.
Procedimentos que envolvem anestesia neuroaxial, por exemplo, demandam atenção redobrada ao risco de hematomas espinhais, o que pode exigir prazos específicos de suspensão diferentes dos indicados para cirurgias realizadas sob anestesia geral ou bloqueios periféricos.
Da mesma forma, cirurgias com maior risco de sangramento ou com potencial de descompensação hemodinâmica também influenciam diretamente nas decisões relacionadas à interrupção ou continuidade dessas medicações. Por isso, não é seguro adotar protocolos padronizados de suspensão para todos os pacientes, sendo fundamental que a decisão seja baseada em uma avaliação multidisciplinar que leve em conta o equilíbrio entre o risco trombótico e o risco hemorrágico, as características clínicas do paciente, e os aspectos técnicos do procedimento cirúrgico e anestésico planejado.
A tabela abaixo traz as considerações de tempo de suspensão pensando na anestesia regional e não na cirurgia, portanto isso deve ser alinhado com a equipe cirúrgica.
Anticoagulante | Tempo de suspensão antes de bloqueio | Concentração plasmática aceitável | Intervalo antes da 1ª dose pós-op |
Enoxaparina | 12 horas (dose profilática) 24 horas (dose terapêutica) | Pelo menos 4 horas (dose profilática) e 12 h (dose terapêutica) | |
Apixabana (alta dose 10-20mg/dia) | ≥72 horas | <30 ng/mL ou aXa ≤0,1 IU/mL | ≥24 horas |
Apixabana (baixa dose 5mg/dia) | ≥36 horas | <30 ng/mL ou aXa ≤0,1 IU/mL | ≥6 horas |
Edoxabana (alta dose 60mg/dia ou 30mg de <60kg, ClCr 15-50 mL/min e uso de P-gp) | ≥72 horas | <30 ng/mL ou aXa ≤0,1 IU/mL | ≥24 horas |
Rivaroxabana (alta dose 20-30 mg) | ≥72 horas | <30 ng/mL ou aXa ≤0,1 IU/mL | ≥24 horas |
Rivaroxabana (baixa dose 10 mg) | ≥24–30 horas | <30 ng/mL ou aXa ≤0,1 IU/mL | ≥6 horas |
Dabigatrana (alta dose 300 mg, CrCl ≥50) | ≥72 horas | <30 ng/mL | ≥24 horas |
Dabigatrana (alta dose 300 mg, CrCl 30–49) | ≥120 horas | <30 ng/mL | ≥24 horas |
Dabigatrana (110-220 mg, CrCl <30) | Evitar, exceto se nível <30 ng/mL | <30 ng/mL | ≥24 horas |
- Bloqueios neuraxiais ou plexos profundos devem ser realizados apenas quando houver suspensão suficiente do anticoagulante, respeitando a farmacocinética da droga (especialmente meia-vida e excreção renal).
- É necessário aguardar o tempo adequado de suspensão com base na dose (alta vs. baixa) e na função renal do paciente.
- Reinício da medicação após o bloqueio (ou retirada do cateter) também deve respeitar um intervalo mínimo (6h para dose profilática e ≥24h para dose terapêutica).
O uso de psicofármacos no perioperatório exige atenção especial devido às potenciais interações com os agentes anestésicos e aos efeitos que essas medicações podem exercer sobre a resposta fisiológica do paciente à anestesia.
Antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor e ansiolíticos podem influenciar o metabolismo hepático de fármacos anestésicos, alterar a resposta cardiovascular, potencializar efeitos sedativos ou, em alguns casos, aumentar o risco de efeitos adversos, como crises hipertensivas, síndromes serotoninérgicas ou prolongamento do intervalo QT. A decisão de manter ou suspender esses medicamentos deve considerar a indicação psiquiátrica, o risco de descompensação do transtorno mental, o tipo de cirurgia e a técnica anestésica prevista. Em geral, a maioria dos psicotrópicos deve ser mantida até o dia da cirurgia para evitar recaídas ou efeitos de abstinência, mas ajustes de dose ou monitorização adicional podem ser necessários.
Dessa forma, a avaliação pré-anestésica cuidadosa e uma comunicação clara entre a equipe médica e o psiquiatra assistente são fundamentais para garantir a segurança e o equilíbrio entre o controle do transtorno psiquiátrico e os cuidados anestésicos.
Ansiolíticos
Classe | Medicamentos | Recomendação pré-operatória | Interações e observações |
---|---|---|---|
Benzodiazepínicos | Alprazolam, Diazepam, Lorazepam, Clonazepam etc. | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Risco de depressão do SNC; risco de abstinência se interrompido abruptamente. Monitorar idosos. |
Azaspirodecanedionas | Buspirona | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Pode causar síndrome serotoninérgica com antieméticos serotoninérgicos. Sem risco de abstinência. |
Anti-histamínicos | Hidroxizina | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Risco de delírio em idosos; interações com medicamentos que prolongam QT. |
Carbamatos | Meprobamato | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Pode causar arritmias e supressão hematológica; risco de abstinência se interrompido abruptamente. |
Antidepressivos
Classe | Exemplos | Recomendação | Interações e cuidados |
---|---|---|---|
ISRS | Fluoxetina, Sertralina, Escitalopram | Continuar | Risco de síndrome serotoninérgica, sangramento (inibição plaquetária), e prolongamento do QT. |
ISRSN | Venlafaxina, Duloxetina | Continuar | Riscos similares aos ISRS, com possibilidade de hipertensão e interações via CYP. |
Tricíclicos | Amitriptilina, Nortriptilina | Continuar | Risco de arritmias, efeitos anticolinérgicos. Monitorar ECG. |
IMAO | Fenelzina, Tranilcipromina | Continuar OU suspender 2 semanas antes, com orientação psiquiátrica | Reações graves com opióides e simpatomiméticos indiretos. Requer dieta sem tiramina. |
Outros | Bupropiona, Mirtazapina, Trazodona | Continuar | Risco de convulsão (bupropiona), síndrome serotoninérgica (trazodona), prolongamento de QT. |
Estabilizadores de humor
Medicamento | Recomendação | Considerações especiais |
---|---|---|
Lítio | Continuar em procedimentos menores; suspender 72h antes em grandes cirurgias | Risco de toxicidade com desidratação, insuficiência renal. Monitorar função renal e eletrólitos. |
Carbamazepina / Oxcarbazepina | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Indutores enzimáticos. Interagem com vários fármacos. Monitorar eletrólitos, função hepática. |
Valproato | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Risco de sedação com propofol, alterações hepáticas e plaquetárias. |
Lamotrigina | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Evitar interrupção abrupta (risco de convulsão). |
Topiramato | Continuar com cautela se necessário, discutir com médico prescritor |
Antipsicóticos
Tipo | Medicamentos | Recomendação | Riscos e monitoramento |
---|---|---|---|
Típicos (1ª geração) | Haloperidol, Clorpromazina, Flufenazina | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Prolongamento do QT, risco de síndrome neuroléptica maligna (NMS). ECG e eletrólitos. |
Atípicos (2ª geração) | Olanzapina, Quetiapina, Risperidona, Clozapina | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Sedação, hiperglicemia, distúrbios eletrolíticos, risco de Síndrome neuroléptica maligna. Monitorar ECG, glicemia, eletrólitos. |
Medicamentos para TDAH
Classe | Medicamentos | Recomendação | Observações |
---|---|---|---|
Estimulantes (anfetaminas) | Metilfenidato, Anfetamina | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Risco de arritmias e resposta pressórica diminuída. Usar vasopressores de ação direta se necessário. |
Não estimulantes | Guanfacina, Atomoxetina | Continuar, inclusive no dia da cirurgia | Menor impacto anestésico. Sem necessidade de suspensão. |
🧠 Implicações psiquiátricas:
- Suspensão abrupta de fármacos como lítio, tricíclicos, IMAO e clozapina pode precipitar recaídas graves, delírios ou depressão suicida.
- Pacientes devem ser acompanhados por seus psiquiatras, com plano de manejo perioperatório conjunto com anestesista e clínico/intensivista.
O uso de substâncias ilícitas no período pré-operatório representa um importante desafio para a equipe anestésica, tanto pela possibilidade de interações imprevisíveis com os agentes anestésicos quanto pelos efeitos fisiológicos agudos e crônicos que essas substâncias podem causar.
Drogas como cocaína, maconha, crack, metanfetaminas e opioides ilícitos podem alterar a resposta cardiovascular, aumentar o risco de arritmias, interferir na pressão arterial, comprometer a função respiratória e modificar a sensibilidade aos anestésicos, exigindo ajustes na conduta anestésica e monitorização rigorosa. Além disso, o uso recente de certas substâncias pode contraindicar temporariamente a realização do procedimento, especialmente em cirurgias eletivas, até que o paciente esteja clinicamente estável. Por isso, é fundamental que o paciente seja incentivado a relatar de forma aberta e confidencial o uso de qualquer substância, sem julgamentos, para que as condutas possam ser adequadamente ajustadas.
Na avaliação pré-anestésica, o anestesiologista deve orientar sobre os riscos associados ao uso dessas substâncias e, quando necessário, adiar a cirurgia, além de considerar o encaminhamento para avaliação especializada e apoio multiprofissional, contribuindo para a segurança do paciente e a efetividade do cuidado perioperatório.
Importante lembrar que alguns pacientes dependentes não conseguem suspender o uso, então nestes casos deve-se excluir a intoxicação aguda, orientar os riscos ao paciente e tentar adequar a técnica anestésica para minimizar os riscos.
Sempre avaliar:
- droga utilizada
- último uso
- presença de sinais de intoxicação aguda
Substância | Efeitos agudos | Riscos anestésicos principais | Abordagem perioperatória sugerida |
Cannabis | Euforia, sedação, taquicardia | Tolerância a anestésicos, risco de broncoespasmo | Atenção à via aérea, mais analgésicos |
Cocaína | Estímulo intenso, hipertensão | Instabilidade hemodinâmica, risco de IAM | Evitar vasoconstritores, adiar cirurgia se necessário |
Opioides | Euforia, depressão respiratória | Tolerância a opioides, abstinência | Multimodal, suporte ventilatório |
MDMA | Euforia, hipertermia | Hipertermia, hiponatremia | Monitorar eletrólitos, evitar sobrecarga hídrica |
Metanfetamina | Estímulo, agressividade | Arritmias, instabilidade | Monitorização rigorosa, adiar se intoxicação |
Cetamina | Dissociação, alucinações | Resistência a anestesia | Avaliar alternativas, suporte psicológico |
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- Halvorsen S, Mehilli J, Cassese S, Hall TS, Abdelhamid M, Barbato E, De Hert S, de Laval I, Geisler T, Hinterbuchner L, Ibanez B, Lenarczyk R, Mansmann UR, McGreavy P, Mueller C, Muneretto C, Niessner A, Potpara TS, Ristić A, Sade LE, Schirmer H, Schüpke S, Sillesen H, Skulstad H, Torracca L, Tutarel O, Van Der Meer P, Wojakowski W, Zacharowski K; ESC Scientific Document Group. 2022 ESC Guidelines on cardiovascular assessment and management of patients undergoing non-cardiac surgery. Eur Heart J. 2022 Oct 14;43(39):3826-3924. doi: 10.1093/eurheartj/ehac270. Erratum in: Eur Heart J. 2023 Nov 7;44(42):4421.
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