Protocolo:
Prostatectomia Robótica
Do ponto de vista da assistência anestésica torna-se necessário adaptações às novas abordagens de técnicas cirúrgicas utilizadas e no caso de procedimento robótico, existem pontos de atenção que devem ser considerados pelo anestesiologista como:
- a posição de Trendelenburg reversa,
- pneumoperitônio,
- hipotermia devido ao tempo prolongado na sala e dificuldade de uso da manta térmica,
- acesso venoso restrito devido à posição do paciente e do robô,
- embolia gasosa,
- enfisema subcutâneo
- despertar prolongado
- necessidade de imobilidade (bloqueio neuromuscular profundo)
Jejum
● Abreviação de jejum, se não tiver contra indicação;
● Evitar períodos prolongados de jejum;
● Dieta leve até 6h antes do procedimento cirúrgico (por exemplo chá e torradas);
● Recomenda-se líquidos claros até 3h antes da cirurgia em um volume máximo de 200 ml.
Medicamentos pré-operatórios
● Cessar tabagismo idealmente 4-8 semanas; caso não seja possível interromper ao menos 24h antes da cirurgia para redução dos níveis de carboxihemoglobina;
● Warfarina deve ser suspensa 5 dias antes da cirurgia. Considerar o uso de heparina de baixo peso molecular 1mg/kg/dia para ponte. A heparina de baixo peso em dose plena deve ser suspensa 24h antes da cirurgia.
● A aspirina deve ser suspensa 3-7 dias antes da cirurgia de acordo com orientação da equipe cirúrgica. Considerar o uso mantido em casos específicos de alto risco cardiovascular como na presença de stents recentes, decisão em acordo com a equipe cirúrgica.
● Medicamentos anti-hipertensivos devem ser suspensos no dia da cirurgia;
● Hipoglicemiantes orais devem ser suspensos no dia da cirurgia, exceto os inibidores da SGLT2 (glitazonas), que devem ser suspensos 24h antes e o Rybelsus (semaglutida) que deve seguir o tempo de suspensão da semaglutida em cada hospital.
● Os inibidores da P2Y12 devem ser suspensos antes: Clopidogrel 5-7 dias; Ticagrelor 5-7 dias e Ticlopidina 10 dias.
Medicação pré-anestésica
● Deve ser evitada sempre, exceto em casos onde o paciente é extremamente ansioso;
● Em pacientes com idade acima de 65 anos, benzodiazepínicos não devem ser administrados pelo aumento da incidência de delirium.
- deve ser realizado de maneira conjunta pela equipe anestésica, cirúrgica e enfermagem
- deverá seguir o padrão de cada hospital, sempre evitando pontos de pressão e fixando bem o paciente na mesa cirúrgica
- o posicionamento deverá ser checado a cada 30 minutos aproximadamente pelo anestesiologista, apesar de sabermos as dificuldades de acesso após o início da cirurgia – aqui o principal é checar se o paciente não está escorregando o que pode causar múltiplas lesões
- atenção a proteção ocular, sempre checando se a equipe não posiciona materiais ou se apoia na face do paciente
Idealmente deve-se utilizar:
- perneiras específicas
- Protetores de mãos tipo luva de boxe
- Cabeceira de coxim
- Colchão a vácuo
Pelo posicionamento em Trendelenburg acentuado pode ocorrer refluxo de saliva e secreção gástrica, para evitar qualquer tipo de lesão ocular recomenda-se o uso de uma “boneca”de gaze para ocluir a boca ou ainda o uso temporário de uma sonda orogátsrica.
- Anestesia geral venosa com bloqueio neuromuscular profundo
- Preconizar analgesia multimodal poupadora de opioides
- Sempre que possível associar anestesia regional
Anestesia regional
- Epidural lombar alta (L1-L2) – morfina 1mg + bupivacaina 0,25% 10-15mL
- Raquianestesia – 100 mcg morfina + bupivacaina hiperbárica 10-12,5mg
- Bloqueio de parede abdominal: TAP Block ou quadrado lombar (sugestão 15-20 mL bupivacaína ou ropivacaína 0,2%)
Bloqueio neuromuscular
- O BNM pode ser utilizado em bolus intermitente ou em infusão contínua
Rocurônio:
- sequência rápida de IOT: 1,2 mg/kg
- IOT eletiva: 0,6 mg/kg
- Manutenção: bolus de 0,2 a 0,3 mg/kg a cada 30-40 minutos (guiar pelo TOF)
- infusão contínua: 10 a 12 mcg/kg/min
Cisatracúrio:
- IOT eletiva: 0.15-0.2 mg/kg
- sequência rápida: é descrito o uso na literatura, mas não recomendamos
- manutenção: 0.03 mg/kg a cada 30-40 min (guiado pelo TOF)
As doses de BNM devem ser ajustadas com base na resposta clínica e no monitoramento neuromuscular, como a avaliação do “train-of-four” (TOF). É essencial monitorar continuamente o nível de bloqueio neuromuscular para evitar tanto a subdosagem quanto a superdosagem, garantindo uma paralisia adequada e segura para o paciente.
Reversão BNM:
Sugamadex:
- 2 mg/kg se duas ou mais respostas no TOF
- 4 mg/kg se menos de duas respostas no TOF, com CPT de ao menos 1.
Neostigmina:
- 0.03 a 0.07 mg/kg precedido pela administração de atropina 0,5 a 1mg
- a neostigmina só deve ser utilizada após ter ao menos 4 respostas no TOF
- Atenção: o tempo para início de ação da neostigmina é longo! Deve-se aguardar a recuperação do bloqueio neuromuscular
Reposição volêmica
- Restringir infusão de fluido até término de anastomose ureteral (<2000mL)
- Após anastomose, garantir infusão adequada para obter diurese (>0,5mL/Kg)
- Evitar balanço positivo
- Cristalóides são a solução recomendada para uso
Extubação
- Elevar o dorso do paciente para reduzir edema de face e via aérea
- Em casos extremos de edema, avaliar a segurança para extubação (raro, mas pode acontecer em casos muito prolongados)
- Aspirar cavidade oral e estômago
- Realizar a monitorização com TOF para guiar a reversão do BNM
Este protocolo possui alguns indicadores que são levantados internamente pelo serviço e outros que são avaliados diretamente pelo paciente. Conheça aqui os indicadores que nós levantamos:
- Antibiótico profilático – Neste indicador considerado antibiotico profilático conforme a recomendação do protocolo institucional, administrado totalmente em até 60min antes da incisão cirurgica
- Reversão guiada bloqueio neuromuscular – Verifica a utilização de monitor para guiar a reversão do bloqueio neuromuscular profundo quando realizado anestesia geral (Obs.: nos hospitais onde há limitação do TOF por favor anote que não tinha disponível, neste caso você será pontuado como estando conforme pela falta de disponibilidade do equipamento)
- Técnica anestésica – Percentual de realização das técnicas geral endovenosa ou balanceada associadas a bloqueios de neuroeixo e/ou periféricos
- Manutenção normotermia – Neste considerado conforme o registro temperatura ao final procedimento ≥ 35,5°C
- Profilaxia para TEV – Mede o uso de meias e/ou compressor dentre os pacientes no intraoperatório
- Monitorização profundidade anestésica – Verificado a utilização de monitor de consciência intraoperatória em anestesia geral
E estes são os indicadores que são avaliados pela experiência do paciente:
- Número de NVPO – Dentro das respostas da pesquisa de experiência enviada aos pacientes da linha de cuidado, é o resultado relatado pelo paciente na questão sobre náuseas ou vômitos dentro das 24h após o procedimento
- Incidência dor pós operatória com impacto – Dentro das respostas da pesquisa de experiência enviada, representa o resultado relatado pelo paciente na questão sobre dor com impacto na rotina após o procedimento